Agricultores de Mato Grosso estão mudando o horário da colheita nas lavouras para escapar do sol forte e evitar incêndios. As queimadas já causaram grande prejuízo em plantações de milho este ano. Em uma única lavoura, 600 toneladas viraram cinzas.
A fumaça chamou a atenção de longe. Os vizinhos correram para ajudar. Em uma fazenda em Tapurah, no, um incêndio queimou 200 hectares de milho e destruiu um trator usado para apagar o fogo.
“Olha o prejuízo, trator aí grande. Tentar apagar fogo no milho em pé. Quando sopra o vento forte é problema”, relatou um produtor em um vídeo.
A cena se repete em vários municípios do estado.
"Que dificuldade, que desespero. Vou agora com tanque d'água tentar apagar o fogo", lamentou outro produtor.
Com poucas chuvas no verão, o plantio do milho atrasou. Faltou água para o desenvolvimento da planta, causando queda na produtividade. Agora, na estação seca, com ventos fortes e temperaturas muito altas, a colheita é realizada sob forte risco de incêndios. A colheita do produtor rural Cleverson Bertamoni teve que parar por causa de um vazamento de óleo.
“Foi na parte quente do motor e o operador experiente conseguiu sentir o cheiro de fumaça pelo ar-condicionado da máquina, né? Qualquer faísca de um escapamento, qualquer coisa, um óleo quente que está ali, já pode provocar um incêndio”, explicou.
A precaução não é à toa. Uma semana antes, um incêndio acabou com 100 hectares de milho de Cleverson.
"Olha quanta espiga de milho aí, meu Deus do céu, olha! Tudo isso amarelo é milho no chão”, disse em vídeo.
Lá foram perdidos pelo menos 600 mil quilos de milho. Considerando que o preço atual na região está em média R$ 70 a saca de 60 quilos, o prejuízo ultrapassa R$ 700 mil. Mas o incêndio na lavoura não afeta só a produção de agora.
“A gente pratica o plantio direto. A gente colhe e só extrai mesmo o grão, e o restante todo volta para o solo. Essa palhada é preciosa, conserva a umidade, é uma riqueza sem tamanho para o produto. Perdendo isso, fica complicado o plantio da soja lá na frente, em janeiro. Você está num solo que não tem cobertura nenhuma, fica à mercê do sol, né?”, contou Cleverson.
Vizinho do Cleverson, o produtor Alduir Cenedese também teve parte da palhada atingida.
serviço de 27 anos que vinha fazendo. e eu acredito que de 8 a 10 anos pra eu recuperar, muito micoorganismo que é benéfico pro solo foram embora, morreram.
“Serviço de 27 anos que vinha fazendo. E eu acredito que dê oito a dez anos para eu recuperar. Muito micro-organismo que é benéfico para o solo foram embora, morreram”, relata.
Para reduzir os riscos, os produtores priorizam a colheita em horários de temperaturas mais amenas e seguem até tarde da noite.
“A temperatura cai abaixo de 30%. Você sabe que nós estamos aqui numa pólvora, né? Não pode nem pensar falar em fogo que está pegando. Então, a gente evita esse tipo de risco. O prejuízo é grande quando acontece isso aí”, falou Alduir.